Dedicado a um casal que se abraçou com força no metrô e quebrou o fluxo incessante de idas e vindas.
No momento certo, eu me afundarei em você.
Quando o dia chegar, eu vou correr em direção a uma falésia e me jogarei ao seu encontro.
Assim como o barulho da chuva, você se tornou um som não ameaçador que permite que meu cérebro descanse.
Quando chegar a hora, eu pularei no teu mar.
Irei correr o risco de sentir a roupa grudando no meu corpo encharcado e não terei medo de ser tragado para as suas profundezas.
Quando me faltar o ar, respirarei debaixo d’água e não terei medo se meus pulmões se inflarem.
Em terra firme, permitirei que seu abraço seja um refúgio momentâneo do caos, da existência, do pensamento acelerado e das centenas de possibilidades que não se concretizam.
No dias das incertezas, não fingirei ter todas as respostas.
Ficarei feliz em não tê-las.
Quero desligar esse lado meu que racionalizada cada passo que dou e vou confiar nos teus braços ao redor de mim.
Quero me molhar na chuva.
O guarda-chuva já não faz tanto sentido.
Privar-se tem um preço alto e optei por não pagá-lo mais.
Em que adianta conhecer quase todas as cores se as que mais me encantam são os tons azuis do fundo do mar?
Para a minha sorte, espanto e receio, seu abraço aquático possui todos esses tons.
Quero submergir em cada canto da sua existência.
Aceito ser inundado pela paz e segurança, mesmo que sejam passageiras.
Quando o momento chegar, não peça permissão.
Apenas segure minha mão e feche os olhos.
Estarei seguro nas profundidades de ti.