Uma Mera Distração
Obrigado por me lembrar do seu verdadeiro nome, quase me confundi.
Me sentei no chão de uma estação vazia no meio da noite.
Estou com frio e sigo atordoado, pois essa foi a última vez que te vi.
Incrível como muitas coisas e pessoas não possuem uma data de término, é algo que simplesmente acontece e não há como evitar.
Sabe aquele momento em que você percebe que cometeu um enorme equívoco? Esse foi um daqueles dias.
Em um dado momento, você me disse algo tão péssimo que eu tive aquela ligeira impressão de ter saído do próprio corpo.
Você não percebeu nada disso e seguiu seu discurso autocentrado e, por fim, decidi ir embora para nunca mais voltar.
Afinal, não sirvo para ser a distração de alguém.
Eu já bebi inconscientemente desse copo e pretendo não bebê-lo novamente.
Quis que você ficasse, mas você estava só de passagem (só não deixou claro).
Apostei tudo, mas fui quebrado pela banca.
Procurei luz nos teus olhos e encontrei uma escuridão absurda.
Imagine a minha surpresa quando você, finalmente, abriu o jogo e despejou sobre a mesa as ideias desagradáveis que reinam atrás do seu sorriso lindo e de suas mãos aconchegantes.
Olhei para a mesa ao lado e encontrei minha intuição me encarando com um olhar que dizia: “Saia daí agora!” e o fiz sem pensar duas vezes.
Você é feliz ou apenas se distrai da tristeza com outras pessoas?
Que erro.
Ainda bem que vi antes.
Uma felicidade de vidro prestes a se estilhaçar nas mãos de quem quiser mais intensidade contigo.
Um paliativo muito perigoso.
De pessoa em pessoa você se sente mais e mais vazio.
Nada te agrada.
Suas regras não se aplicam nem a você.
Você disse algo como: “Eu sou assim, é pegar ou largar?”, eu ri, você interpretou que eu não pularia fora e riu de volta.
Não foi dessa vez.
Nem pra mim.
Nem para você.
Espero mesmo que você seja a última bolacha do pacote e que não existam mais pessoas como você por aí.
Um sinal amarelo piscando na escuridão.
Um poço de bandeiras vermelhas.
Você se impondo sem necessidade.
Desejos vazios.
Tudo sobre você… e você.
Eu até poderia te alertar.
Mostrar as cartas.
Fazer mais do que devo.
Mas tive apenas um leve asco e saí de cena.
Paguei em uma moeda similar.
Sei que você percebeu (e sei que você não assumirá isso).
Não vou te provar por A + B que seu afeto subvertido em buscar distrações é nocivo.
Espero que você beba deste veneno sozinho.
Prefiro morrer de sede do que provar do seu beijo de novo.
Prefiro conviver com a tristeza do que me distrair dela.