Essas palavras vieram de uma realidade completamente paralela a nossa, onde o certo e o errado, o amor e o ódio, a felicidade e a dor se misturam.
Mas não se preocupe, tudo isso jamais aconteceria por aqui.
Hoje eu acordei querendo pouco.
Bem pouco mesmo.
Me desarmei de vontades, desejos, regras e padrões para receber do outro apenas uma parcela do que eu acho que mereço.
Até ontem, eu merecia apenas o melhor que o mundo pudesse me proporcionar.
Hoje, joguei tudo isso por cima dos ombros e resolvi buscar nos demais o que falta em mim.
Cheguei no mirante do Instituto Moreira Salles e apoiei os braços no mirante central enquanto olhava a avenida mais famosa dessa cidade.
Ao abrir os olhos pela manhã, vi o mundo em preto e branco, então, excepcionalmente hoje, a cidade está mais cinza do que de costume.
Eis que você surgiu na minha visão periférica, o único pontinho colorido na cidade cinzenta.
Você, que me deixou para trás.
Você, que seleciona as minhas palavras e escuta apenas o que te convém.
Você, que some e reaparece quando bem entende.
Você é a minha certeza do pouco.
Ironicamente, isso me dá uma sensação de segurança, pois eu sei que por mais que eu me esforce eu seria incapaz de mudar seu pensamento ou a forma como você me vê.
Você é o limite.
Nada florescerá neste canteiro.
E, hoje, talvez isso baste.
Se os sentimentos vem e vão em ondas, penso que é seguro dizer que, de ontem pra hoje, eu fui engolido por uma onda gigantesca.
Sigo à deriva.
Mas ao menos te reencontrei.