Quarentena — Semana #5
Você tem um minuto para escutar a palavra do “desconfinamento”?
Saí do meu “escritório” e fui pegar uma garrafa de água na geladeira, porém no caminho fui parado pelo apresentador do jornal que tinha acabado de vir uma notícia MUITO importante.
Pensei que seria algum avanço em relação a vacina contra o coronavírus, pois até o momento ela está estimada para setembro, mas não… era algo um pouco desconexo se levarmos em conta o posicionamento do Brasil até o momento frente ao vírus.
O jornalista estava transmitindo ao vivo uma coletiva de imprensa onde o não-tão-bondoso-assim governador do Estado de São Paulo, João Dória Jr., havia reunido a impressa para anunciar o Plano de Desconfinamento.
A ideia central é ir “desconfinando” aos poucos as pessoas dependendo de suas ocupações econômicas, afinal, o mesmo está sofrendo uma enorme pressão do Mercado (com maiúsculo) que está desesperado com a estagnação de seus lucros (mas se acalme, as vidas ainda não estão importando).
A promessa é que todo esse processo ocorra de modo “gradual, heterogêneo e de forma segura”, disse ele, além de assegurar que esse passo foi discutido com os especialistas da área da saúde.
Eventualmente teremos que voltar as nossas atividades remuneradas e tudo voltará ao normal, mas como digerir um “Plano de Desconfinamento” quando se é sabido que, mesmo com os testes em massa, não será possível testar todo mundo, como apontou Nelson Teich, atual Ministro da Saúde?
Segundo os dados mais recentes do IBGE, o Brasil possui pouco mais de 210 milhões de habitantes e é um fato que não será possível testar todo mundo, tanto pela quantidade reduzida de testes como pela estratégia adotada pelo governo.
Sabe quem vai começar a por em prática o “desconfinamento”? Os países da Europa que já passaram pelo pico de infecções e estão começando a controlar os seus casos, como a França, Portugal e Bélgica.
Porém fazemos parte do grupo dos países que menos realiza testes até os momento e isso implica diretamente na veracidade dos dados que temos até o momento. Ou seja, não sabemos ao certo a nossa atual situação nesse momento tão delicado.
O governo colocará o famoso “carro na frente dos bois” ao propor essa reabertura quando o Estado de São Paulo é o que possui mais casos e mortes e quando nem o isolamento social é respeitado, sem mencionar as desrespeitosas e incoerentes carreatas em prol do fim do isolamento.
Ao passo que Darwin vai “se achegando” cada vez mais, penso nos risco que correremos a partir do dia 11 de Maio (data de início da flexibilização da quarentena) e não falo só de mim ou de você que temos o privilégio de trabalhar em casa, mas sim daqueles que, por falta de escolha, precisam sair pela manhã sem saber se voltarão saudáveis para casa no final do dia.
A esperança é que o tal do “desconfinamento” não agrave ainda mais a nossa situação, pois querendo ou não ela é isso…
Nossa.
