- É indicado ler A Gota D’Água antes de seguir adiante.
Depois de ter discutido aos berros com uma vizinha enxerida e de ter confrontado as outras pessoas que estavam na frente do apartamento de K., ela resolveu ir embora dali o mais rápido possível!
Optou pela escada de emergência e, ao chegar esbaforida na recepção, saiu pelo portão e entrou no carro!
Minutos mais tarde, ela chegou em sua casa, tirou os sapatos, sentou no sofá e jogou a carta na mesinha de centro.
Estava irada e suas mãos tremiam!
Amor e ódio corriam pelas suas veias naquele momento e, por fim, desabou a chorar ali mesmo.
A carta a encarava e suas palavras rondavam pela mente como um fantasma pairando no ar.
“Eu sempre achei que estava pedindo muito, contudo, acordei um dia e percebi que implorei pelo mínimo.
Quantas foram as pontes que eu tentei construir entre mim e você? Umas cinco? Dez? Nunca saberei ao certo.
Toda vez que eu tentava construir algo, você tirava o corpo fora.
Toda vez que planejei algo para nos duas, você desconversava.
Redobrei o cuidado com as palavras que saiam da minha boca e acabei me perdendo no processo.
Me preocupei com tudo que era possível dentro do seu universo, até que percebi que eu não fazia parte dele.
Eu não acredito no amor incondicional (e dele quero distância), mas eu acredito no Compromisso.
O pacto entre duas almas.
Eu acreditei nas suas palavras e, por consequência, acreditei num amanhã que nunca chegará.
Me desdobrei, corri ao seu encontro, estive lá quando você precisou e, aos poucos, notei que esse não era o meu lugar.
Quando a ficha cai, a dor é instantânea.
Querer participar de um mundo onde sua presença não é bem-vinda (salvo exceções), é bastante caótico!
Ok! Eu era uma exceção, porém, uma das piores possíveis.
Imagine só… eu só existia quando não havia nada melhor acontecendo por aí!
Nada floresce no solo infértil.
O óbvio também precisa ser dito, não é?
Até que um dia você me mandou uma mensagem e a resposta não veio… eu sei muito bem como você detesta perder.
Como assim aquela pessoa que fazia de tudo sem pedir nada se foi?
Como assim a pessoa que movia montanhas se desinteressou?
Você me procurou nos meus lugares (eu estava em cada um deles), mas você não me achou… e como poderia? Você só enxerga aquilo que combina contigo.
E eu não combino.
Suas atitudes descompromissadas quanto ao afeto e ao respeito foram tão claras, que eu resolvi sair pelas portas dos fundos.
A partir disso, posso dizer que acabei quebrando o primeiro compromisso que fiz contigo… você se lembra?
Eu te puxei para perto em uma noite gélida no centro da cidade e te disse: “Meu compromisso contigo é estar lá sempre que você precisar”.
Esperei uma resposta.
Recebi um sorriso amarelo.
Minha intuição gritou naquele momento, mas eu a abafei.
Hoje, ela é quem dá as cartas por aqui.
Se você soubesse que havia algum tipo de risco, haveria alguma mudança ou seria tudo igual?
Bem, nunca saberemos, pois eu paguei para ver e, pelo visto, não sobrou ninguém do seu lado.
Um soco no espelho talvez seja um bom exemplo do que acontece com uma relação descompromissada.
Há cacos por todos os lados, mas eu não te ajudarei a limpar.
Isso é com você.
E, caso você queira contestar a verdade e a inexistência de compromisso da sua parte, você sabe onde me encontrar… eu te desafio.
Descompromissadamente,
K.”