Nome & Endereço #4 — Carlos
Não muito raramente as pessoas esbarram em mim quando caminham pela rua.
Talvez isso ocorra por conta da minha baixa estatura ou por eu ser “normal demais”.
Saio da estação Santa Cecília, em São Paulo, viro à direita e depois à esquerda, chego na Rua Santa Isabel, interfono a portaria e sigo para o elevador.
Estou irritado com essa história de ser “mais-do-mesmo”.
Bem, sou quase um figurante na vida de milhões de pessoas que nunca conheci de verdade.
Uma benção para alguns e uma catástrofe para mim.
Depois um uma ombrada ou um encontrão desajeitado, eu costumo escutar um apressado “opa, desculpa!”, porém, isso não se repete na virtualidade das coisas.
Tantas pessoas passam por mim e fingem que não tem nada rolando.
Será que eu sou aquela pessoa parecida com um outro alguém perdido no fundo da memória dos outros e, por conta disso, sou tão facilmente deixado de lado?
Já me viram.
Já me sentiram.
Já me conhecem… uma verdade ao reverso.
Visualizado e nunca respondido, ordinário, comum, banal, mediano e por aí vai… tanto caos e felicidade, mas sigo nesse meio-termo sem sal.
Prédios tão grandes e pessoas tão pequenas (e, claro, algumas mais pequenas que outras), quem sabe eu não faça parte dos seres diminutos?
Aqui é tudo tão grande… bem, exceto pelos sentimentos que são escassos, o que eu deveria esperar?
Exato, nada… não há o que esperar.
Só me resta aceitar.
