Nome & Endereço #5 — Diana
Alguns poderiam dizer que estou segura dentro desta fortaleza, mas, na verdade, me sinto aprisionada cada vez que olho o mundo pela janela.
Meu edifício fica em frente ao Parque das Nações Indígenas, na Rua Antônio Maria Coelho, em Campo Grande.
A cidade se mistura com o parque e dá aquela impressão de que a consonância das coisas molda a vida, porém sinto que isso tudo é uma grande mentira deslavada.
Um apartamento de 30m², check.
Móveis planejados, check.
Ar condicionado, check.
Coisas consistentes e que valem algo tangível… bem, ficarei devendo essa.
O conforto material é possível (seja à vista ou parcelado), contudo, o conforto emocional… Ah! Este é muito difícil de conseguir.
Rodeada de peças decorativas, quadros, garrafas de vinho, streams e dos célebres recebidos pagos, mas, ainda assim, sinto que há algo faltando.
Vou comprando coisas e mais coisas para esta pequena casa e parece que o buraco dentro de mim só aumenta.
Será que dá pra comprar uma troca de mensagens no meio da madrugada?
Ainda existe alguma “amizade sem julgamentos” à venda?
Onde posso adquirir uma conversa sincera sobre sentimentos?
Desculpe, estou parecendo frígida.
É que neste baluarte onde vivo, eu fui ensinada que nada é de graça, entretanto, ainda não me explicaram como existem coisas que não dispõem de preço.
Talvez seja uma maldição poder comprar tudo, exceto, aquilo que eu realmente me aqueceria por dentro.