Nome & Endereço #3 — Ariel
Pulei o muro baixo que separa a minha casa da rua, coloquei uma camisa flanelada enquanto caminhava a passos largos dali e segui para a avenida principal.
Passei por uma placa onde se lia “R. Domingos Cordeiro”, minha rua, virei à esquerda e cheguei na avenida principal de Campo Largo que me levaria para o meu lugar seguro.
Não me leve a mal, mas hoje cansei de ser eu mesmo, portanto, vou simplesmente fugir de tudo.
Peguei o primeiro ônibus com destino ao centro de Curitiba e descansei no banco dos fundos.
Desembarquei e me coloque a caminhar até o famoso jardim botânico.
Hoje eu serei apenas mais um turista maravilhado com a beleza daqueles jardins, a diferença é que essa deve ser a vigésima vez que adentro aqueles portões.
Ultimamente ser eu mesmo tem sido muito cansativo… não que a minha vida seja tão relevante e exaustiva, contudo, o mundo andou cobrando mais do que eu podia dar.
Todo dia digo que não aguento mais… e sigo aguentando.
Sou aquela corda que está prestes a estourar há, mais ou menos, um quarto de século.
Acabo de passar pelos portões e aqui não me chamo Ariel… posso ser Dérick, ou Dominique, ou Armando, ou Larissa, ou Otávio, ou… ninguém.
Posso me fazer de sonso caso alguém me pergunte algo, bem daqueles que grita e sai correndo com os braços levantados.
Estou fatalmente em fuga e ninguém pode me parar (ou me encontrar)… bem, essa é uma verdade que se sustenta até às 18h.
Hoje não quero saber de nenhum problema, tenho o resto da minha vida para lidar com eles.
Preciso de uma pausa de mim mesmo.
Caso perguntem, você nem sequer sabe o meu nome.