Nome & Endereço #2 — Bianca
Estou presa numa ilha há mais de um ano, talvez seja o sonho de alguns, mas está longe de ser o meu.
Aqui na Rua Caminho do Sol, em Florianópolis, o calor sobe do chão, o vento lateral por vezes me carrega na rua e o mar gelado, que fica a poucos passos daqui, agrada a todos, exceto a mim.
Essa pequena ilha fica impraticável algumas vezes por ano, até parece a minha vida.
Estagnei em algum lugar e não faço a mínima ideia de como posso sair daqui.
Vivo numa casa geminada e posso dizer com propriedade que o desespero habita também quem mora ao lado (nem nos conhecemos, mas acredito que nos escutamos muito bem pelas finas paredes).
Não consigo criar planos.
Não consigo decidir nada.
Quando ameaço dar um passo além da rotina, algo catastrófico acontece neste país.
O maior problema deste país tem nove letras, contudo, o buraco consegue ser mais embaixo.
Será que vai ter depois?
Será que eu ainda sei sentir carinho por outra pessoa?
A fila de coisas que não consigo ou posso fazer só cresce, enquanto as minhas felicidades foram reduzidas a superficialidades e a pequenitos focos de luz na escuridão dos dias.
Preciso ir ao mercado e não encontro minha máscara… ultimamente ando sem forças até para fazer as coisas mais triviais.
Forço meu corpo a se levantar e viver.
Oito letras, uma palavra e uma catástrofe: estagnei.
Quem poderia dizer que a inércia cansa?