Dissonância.
Será que nos antecipamos demais?
Será que eu falei de mais ou de menos?
Percebi agora a pouco enquanto conversava contigo que tudo que você dizia simplesmente não fazia sentido algum dentro da minha cabeça, entretanto notei que o mesmo lhe ocorreu.
Estamos e um nível de incompreensão surpreendente… eu falo “A” e você entende “32”, só que quando você tenta falar “A” eu entendo “T”… não há onde colocar a culpa, estamos ambos equivocados.
Bem, isso é o que eu penso, não consigo (e nem devo) falar por você.
De repente nós não nos entendemos mais.
Acho que tudo isso se desencadeou quando, numa das diversas noites fora do tempo que tivemos, nós caímos em um assunto que (para mim) não parecia tão perigoso, eis então que a água virou vinho.
— “O quê a gente tem? Existe um nós?” — A pergunta brotou no meio da conversa e ninguém soube o que dizer, seja lá quem fez a pergunta também não tinha a resposta.
O silêncio.
Detesto pisar em ovos com alguém, a possibilidade das minhas palavras serem a gota d’água de uma situação me paralisa por completo. Então ficamos nos olhando a espera de um primeiro passo.
Foi então que percebi que nossa sintonia não estava tão em ordem quanto eu imaginava, tentei ser o mais transparente possível só que eu não contava com um fator incontrolável: A percepção do outro sobre as coisas.
A não exclusividade de um relacionamento, por vezes, pode ser uma pedra no sapato de todos que dele partilham, afinal, sem regras nada funciona.
Um relacionamento “moderno” deveria, em tese, proporcionar uma maior fluidez na comunicação, mas por que ainda não deixamos as regras tão claras?
Só porque demos “match” no mesmo lugar, isso não significa que buscamos as mesmas coisas… afinal, eu não sou o único perfil no seu aplicativo (e isso eu afirmo de olhos fechados).
Mas quem sou eu para dizer o que você deve sentir? Acho que é seguro dizer que temos “algo”, existem um “nós”, mas será que nossas perspectivas são similares?
Desapego e desamor não se complementam.
Em um dado momento eu pensei que estávamos na mesma sintonia, contudo eu percebi (um pouco tarde) que você talvez tenha projetado algo que na sua concepção era clara, mas na minha não.
O desapego é necessário, já o desamor não é passível de tolerância (a não ser que isso esteja dentro das regras), pois cedo ou tarde as carências emocionais superarão as necessidades físicas.
É possível se importar com alguém e ser desapegado, penso que essa junção assusta mais do que deveria.
Percebo que você sempre buscou reforçar o fato de não ter ficado com alguém desde então, porém eu não fiz o mesmo e você tinha ciência (mas não concordava).
Muito se fala sobre o relacionamento adulto, maduro e saudável, mas onde ele está? Existe uma receita para alcançá-lo ou ele é construído peça a peça de modo único em cada relacionamento?
A falta de sintonia é também uma oportunidade para ambos e não apenas um alerta vermelho de que tudo está desmoronando, apesar de que esse é o objetivo de muitas pessoas, fugir quando tudo fica complicado demais.
O que é um beijo?
O que é sexo sem compromisso?
O que é a casualidade?
Tudo tem uma exceção e, sem dúvida alguma, há sempre uma prioridade e acredito que eu esteja construindo uma. Não acredito que lhe falte algo, afinal, não procuro nos outros algo que não há em você.
Os outros não são capazes de me dar o que você me proporciona e por isso estou certo de que há um “nós”, resta saber o que é um “nós” para você.
Ainda vou descobrir… ou melhor...
Iremos descobrir.
Logo voltaremos a nos sintonizar sem ruídos.