Dança das Horas #4 — (11h11)
Vejo os raios solares atravessarem os pequeninos buracos da cortina da sala e repousarem no meu corpo.
Estou no chão, sem camisa, sentindo o calor solar no meu peito e o frio do chão nas minhas costas.
Noto as horas iguais no relógio do celular e fecho os olhos.
Não consigo pensar em ninguém quando os números estão iguais e, ao mesmo tempo, consigo.
Penso em quem me fez mal.
Penso em quem me fez bem.
Penso em quem não fez nem um e nem outro, talvez era essa a ideia mesmo.
Revivo desejos, ódios, neuroses, felicidades extremas, despreocupações e tristezas no decorrer de um minuto.
Um breve transe para revistar lugares, mas jamais ressuscitar o que hoje se encontra a sete palmos.
Ondas de frio e calor. Eu e você. Quem é quem? Apostos ou complementares?
Um dia possui 1440 minutos, mas cada vez que esbarro com uma das 24 possibilidades, eu lembro de você de um modo diferente.
Hoje, por sorte, lembrei apenas das coisas boas.
Abro os olhos.
Passei ileso pelas horas iguais.