Breve #12 — Bomba-Relógio.
Sinto que o seu coração não bate, ele faz “tique-taque”.
O tempo nos ajuda a compreender o que há de verdade em você e em mim também.
Notei que algumas respostas que dou aceleram os “tiques”, não sei se isso é bom ou ruim.
As expectativas vão se desmanchando gradualmente, tento não repô-las enquanto você as substitui por outras coisas.
A sua bipolaridade faz com que os “taques” percam o compasso, então sei que algo está errado quando escuto “taque-taque-tique-taque” em você.
Eu costumava pensar que, no momento que você ameaçasse explodir, eu teria que cortar o fio verde (ou será que é amarelo?) de modo a evitar a detonação.
Soube que você já explodiu outras vezes e nunca morreu, só se machucou. Contudo, o tique-taque continua aí dentro.
Cogitei fazer parte de um esquadrão antibomba, mas descartei a ideia após compreender que você não precisa ser desarmado.
Sou suave feito vento que sacode as folhas das árvores no outono.
Você é um cronômetro que ameaça zerar a qualquer momento e mandar tudo pelos ares.
Não sei se você vai explodir perto de mim.
Não sei se você pode me machucar.
Contudo, sinto que o barulho do tique-taque já faz parte do meu dia, sem ele tudo fica tão…
Tão… inexplosível.