Cena final de “Amores Imaginários”. Reproduzido da Internet.

Breve #10 — Era Para Ser A Última Vez.

E acredito que me enganei.

Danilo H.

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Confundo sua mensagem com a possibilidade de você abrir a porta da sala e avisar que chegou em casa.

De manhã fala contigo (você sai de casa), vamos conversando no decorrer do dia e eis que o sinal se perde de algum modo, não sei se eu disse algo que te desagradou e… fico esperando a próxima mensagem.

Fico.
E Espero.

Sento no sofá sob a minha perna direita e viro meu torço em direção a porta.

Espero sua chegada.
Espero sua mensagem.

A tarde vira noite, não acendo as luzes e fico no escuro esperando um sinal. Sinto que meus olhos piscam na escuridão como um desenho animado.

De repente meu dispositivo vibra.
A porta da sala abre.

Você diz algo engraçado e rimos.
Finjo que não estava apreensivo até aquele momento e afasto os pensamentos ruins sacudindo a mão sob a cabeça.

Pensei que aquela seria a nossa última mensagem.
Pensei que você nunca mais abriria aquela porta.

Faz um bom tempo desde a última vez que fui o garçom que recolhe os copos de todas as mesas, os coloca na bandeja e os leva para a cozinha.

Sou sempre a pessoa que se preocupa em não fazer nada de errado. Equilibro tudo sobre os ombros, o importante é não cair.

Geralmente não me preocupo muito, às vezes um copo ou outro se quebra, porém quando começo a dar muita atenção para o jogo de taças, isso significa que está acontecendo de novo.

Qualquer sinal me deixa em alerta.
Repasso tudo na minha cabeça em busca de respostas.

São esses sinais bobos que comprovam que, uma vez mais, estou fazendo algo que jurei nunca mais fazer.

O que me resta é torcer para que, ao menos desta vez, seja diferente.

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