Arquivo #5 — Abstinência.
Estava indo tudo tão bem, eis que meu corpo chamou por você na calada da noite e (obviamente) você não veio.
Me segurei até onde pude e não te mandei nenhuma mensagem, segurei fundo e a vontade “passou”, mas eu ainda precisava de algo similar.
Minha respiração descompassou, minhas mãos começaram a suar e meus olhos começaram a se perder nas órbitas. Como isso é possível?
Oficialmente posso anunciar que você é o único narcótico que eu ingeri na vida e olha… os efeitos colaterais são espantosos.
Entro em guerra comigo mesmo diariamente para não fazer uma besteira, como te ligar, te mandar uma mensagem profunda ou uma foto indecente.
Topei com você nas virtualidades da vida e vi que tudo parece tão bem, tenho sonhos intranquilos enquanto você nem se lembra da pessoa que costumava ser.
Gregor Samsa me ajude, o que foi que eu me tornei?
Eu queria tanto rever essa pessoa que você costumava ser.
Queria ficar tão perto do seu corpo que a sua respiração se tornaria a minha e vice versa.
Queria ver você tapando os olhos enquanto o prazer flui do meu corpo paro o seu.
O tal “remember” faria sentido a uma altura dessas?
Te pergunto, porém sei a resposta: Não, jamais.
Seria fatal.
Sei que alguém está provando do seu beijo, tomando banhos demorados contigo e brincando com cada centímetro do seu corpo e tudo bem por mim.
Já passei da fase de querer te coroar ou de me ajoelhar sobre seus posicionamentos vazios, mas…
Mas por que tenho essa bizarra sensação de que estou travando o fluxo das coisas por conta de alguém que nunca se importou comigo?
Por que você é notícia pra mim?
Você respira e eu pulo de alegria.
Nem que eu quisesse eu poderia te comprar no beco escuro mais próximo de casa… e, se fosse possível, ainda não seria sua pele, seu corpo, seus olhos, suas mãos, suas partes, suas artes, seus deslizes e nem suas fatalidades.
Quando me toco não te imagino mais, te tirei da cabeça aos pontapés.
Só que ainda me apego ao tempo que parou, às suas peças de roupas e ao seu modo mágico de ocupar o ambiente.
Hoje tenho que ocupar o ambiente sozinho e isso pesa.
Queria tanto te tocar, arranhar as costas e olhar no fundo dos teus olhos.
Ainda não te bebi por aí, mas hoje foi quaaaaase… me desvencilhei do meu lado sombrio e agora estou aqui tendo calafrios.
Me convenci de que uma hora isso passa.
Espero que passe.
Não posso viver um vício para sempre.