Arquivo #4 — Se Você Não Vier.
Quer saber? Tudo bem se você vier.
Não é como se você estivesse aqui todas as vezes eu precisei.
Se você não vier será somente mais um dia relacionado a mim que você pulou.
Temos que concordar que você é muito bom nisso, no caso, me deixar aqui.
Caso você não dê as caras eu não ficarei triste, não mais.
Talvez você esteja ocupado demais com outras pessoas que te despertam sensações que eu já não posso mais proporcionar (aliás, será que algum dia eu pude?).
Quanto mais eu aceito, menos eu te vejo perambulando dentro de mim… não sinto o eco dos seus passos subindo e descendo as escadas da minha mente, será que você foi embora ou só parou de andar?
O desejo é uma coisa incrível, não é mesmo? Cedo ou tarde ele sempre se esgota… no nosso caso (será que um pronome possessivo é correto?) o seu lado da balança ficou mais leve primeiro (como de praxe).
Quer saber? Se você não vier será melhor.
Acho que se eu topasse com o seu corpo escorado no batente da minha porta com aquela cara de dó, eu talvez viesse a sucumbir.
Tudo bem se você não sentar no meu colo.
Tudo bem se eu não te segurar mais pela cintura enquanto te beijo.
Tudo bem se minhas mãos não escorrerem mais pelas suas costas e se esgueirarem pelo cinto que prende suas calças.
Tudo bem se minha língua não visitar cada centímetro do seu corpo.
Tudo bem se não for mais a sua boca.
Tudo bem se o meu corpo for a única fonte de calor do ambiente.
Tudo bem se você não vier.
De hoje em diante eu virei ao meu socorro.
E isso se tornou suficiente.
Por favor, não venha.
